quarta-feira, 27 de julho de 2011

LITERTATURA ORAL

O Boto. O boto Tucuxi, conhecem? Um feiticeiro me apresentou no Acre, no reveillon de lua gordah em 2010.
Eram três da madrugada quando a porta do quarto. Meandros da selva Amazônica pela primeira vez, há sete horas de voadera de Boca do Acre (cidadezinha à las Pantaleonas), há três de ônibus da capital, e não menos que outras sete de avião da megalópole, lá. Estava eu deitada e as janelas explodindo com fitas crepes nas laterais (tenho experiências cavernosas com cobras tropicais). toc-toc, vem! ô-Manu-vem! (antes d' eu responder ali) Tem uma cura, você pode vir, hoje você trabalhou muito e tá com a Jurema, venha mulher! Tá, que bom. legal. é onde? posso levar a camera? Traz tudo, você vai trabalhar comigo, é na Maria, ela travou a perna nas folhas lá na igreja, já tô com os óleos aqui. Amor, tô indo ali com o Licineo numa cura, tá? (meu marido mexeu: Oi??) Uma cura, o Licineo...sabe? Tô indo. (Não são 3 da manhã?) É rapidinho, amor.
Quatro da manhã (inclusive, é o horário de Clarice, ela diz nas entrevistas; acordo para fumar e tomar café, e, sugere um baile dos soltos por aí nesta zona intermediária, entre dia e noite).
A casa era de caboclo. Um cômodo e a cozinha integrada. Cinco pessoas, todas mulheres, em colchões, não dormiam. Uma rede no centro do espaço, era a cama da Maria, senhora morena, já passada dos 75, aparentando menos, corpo presente. Fomos pelas trilhas com laterninhas fracas, porque os olhos de Antônio, o mateiro, e, de Tadeu o companheiro-medium, eram bons demais, gatunos. A floresta de noite é tão estimulante quanto as imensas cidades. O breu é molhado, e, tudo de verde, na meia-luz, assume forma de bichos e seres mitológicos.

Esse vídeo aqui abaixo registra essa nossa visita de cura, guiada pela canto do Boto Tucuxi, auxiliado pela Jurema e a fumaça do Pena Branca.

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